"Estamos mortos em vida" (Khaled) "A vida sem dignidade não tem valor" (Said)
Deste filme de que gostei bastante, ficaram-me estas duas frases na cabeça. Impressionou-me pela positiva a forma como o realizador abordou esta temática delicada recorrendo de uma forma extremamente inteligente ao (bom) humor para de uma forma subtil nos expor, sem tentar impor nada, as questões que se colocam à volta do drama dos dois jovens palestinianos.
Como hoje é o dia mundial da poesia, e porque o Cinema (em particular o que têm passado às quartas-feiras) também é poesia e porque Hany Abu-Assad se revela neste filme um grande realizador, aqui partilho um excerto do poema "Cinema" de Edmundo Bettencourt e a brilhante resposta do realizador brasileiro Joaquim Pedro de Andrade à questão "Por que você faz cinema" (texto poético que até já foi musicado pela Adriana Calcanhoto).
"... Cinema! mais que tudo, és o que lá fora buscam almas inquietas! Mais que tudo, nos dás o sonho que das almas sobe nas imagens dos poetas!"
"Por que você faz cinema? Para chatear os imbecis / Para não ser aplaudido depois de seqüências dó-de-peito / Para viver à beira do abismo / Para correr o risco de ser desmascarado pelo grande público / Para que conhecidos e desconhecidos se deliciem / Para que os justos e os bons ganhem dinheiro, sobretudo eu mesmo / Porque, de outro jeito, a vida não vale a pena / Para ver e mostrar o nunca visto, o bem e o mal, o feio e o bonito / Porque vi Simão no Deserto / Para insultar os arrogantes e poderosos, quando ficam como cachorros dentro d’água no escuro do cinema / Para ser lesado em meus direitos autorais."
Publicado em Pourquoi filmez-vous? / Libération / Paris / maio de 1987
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"Estamos mortos em vida" (Khaled)
"A vida sem dignidade não tem valor" (Said)
Deste filme de que gostei bastante, ficaram-me estas duas frases na cabeça.
Impressionou-me pela positiva a forma como o realizador abordou esta temática delicada recorrendo de uma forma extremamente inteligente ao (bom) humor para de uma forma subtil nos expor, sem tentar impor nada, as questões que se colocam à volta do drama dos dois jovens palestinianos.
Como hoje é o dia mundial da poesia, e porque o Cinema (em particular o que têm passado às quartas-feiras) também é poesia e porque Hany Abu-Assad se revela neste filme um grande realizador, aqui partilho um excerto do poema "Cinema" de Edmundo Bettencourt e a brilhante resposta do realizador brasileiro Joaquim Pedro de Andrade à questão "Por que você faz cinema" (texto poético que até já foi musicado pela Adriana Calcanhoto).
"...
Cinema!
mais que tudo, és
o que lá fora buscam almas inquietas!
Mais que tudo, nos dás
o sonho que das almas sobe
nas imagens dos poetas!"
"Por que você faz cinema?
Para chatear os imbecis / Para não ser aplaudido depois de seqüências dó-de-peito / Para viver à beira do abismo / Para correr o risco de ser desmascarado pelo grande público / Para que conhecidos e desconhecidos se deliciem / Para que os justos e os bons ganhem dinheiro, sobretudo eu mesmo / Porque, de outro jeito, a vida não vale a pena / Para ver e mostrar o nunca visto, o bem e o mal, o feio e o bonito / Porque vi Simão no Deserto / Para insultar os arrogantes e poderosos, quando ficam como cachorros dentro d’água no escuro do cinema / Para ser lesado em meus direitos autorais."
Publicado em Pourquoi filmez-vous? / Libération / Paris / maio de 1987
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